Páginas

domingo, 13 de março de 2011

Love is forever

O vento frio entrava pela janela aberta, fazendo leves cócegas no rosto do rapaz. Seus olhos fixos na moldura, que segurava firme com as duas mãos. Na foto, duas pessoas, um garoto e uma garota, ao fundo uma área verde e alguns prédios azulados. Girou a foto, e leu a dedicatória:
Para os meus melhores amigos, uma lembrança dos bons tempos de escola. Não esqueçam de mim *-*
O rapaz sorriu, largou a foto onde a havia encontrado e caminhou até a janela. Um céu sem lua nem estrelas era tudo que conseguia enxergar aquela noite. O agrupamento de nuvens cinzentas indicava que uma tempestade estava a caminho, o vento estava realmente frio, fazendo-o optar por fechar a janela.


Ricardo caminhava decidido, cada passo seu era cheio de certeza e tensão, o que viria a seguir poderia ser um momento decisivo. Andou por mais alguns minutos, e enfim chegou ao local combinado.
Sentou em um banco de concreto. Pernas alinhadas e braços rijos, tensão em pessoa. Respirou fundo, e olhou para todos os lados, a procura de um rosto conhecido, não demorou a reconhecer a silhueta de uma garota se aproximando. Ela não sorria, mas também não demonstrava raiva. O que mais se adequava era nervosismo. O nervosismo para com uma decisão importantíssima. Ela tinha certeza do que queria, nunca esteve tão certa disso em toda a sua vida, mas aquela pontinha de indecisão não a deixava por nada. Era frustrante.
Enfim, ela sentou-se ao lado de Ricardo, que se pudesse estaria suando frio.

- Eu já tomei minha decisão. – a garota disse sem olhar para o garoto ao seu lado. – Eu sei que demorei, mas...
- Não! – ele disse convicto. – Você pediu seu tempo, e eu o dei, sinceramente, pensei que poderia ter levado muito mais tempo, mas fico feliz que estivesse enganado, não sei se suportaria essa tensão de não saber o que você pensa por muito mais tempo.
- Eu precisei desse tempo, pois queria te dizer com toda certeza o que eu queria para nós. – pausa. – Eu agora posso te dizer o que acho sem medo nenhum.

A garota levantou os olhos, um pouco vermelha, e encarou o rapaz ao seu lado. Ele levou sua mão até a dela, e a segurou forte, mostrando que qual fosse sua decisão, ele não se chatearia e procuraria entendê-la.

- Eu vou te amar para sempre, Bella, seja o que for que você decidir. Eu me apaixonei por você e sempre vou querer o seu melhor...
- Eu sei, Ricardo. Eu também vou te amar para sempre. E essa é a minha decisão. Eu decidi te amar, sem culpa, sem remorso. Se não der certo, vamos continuar amigos, como você mesmo diz, e ainda assim eu vou te amar. – ela terminou com um suspiro de alivio e um sorriso de satisfação.


Grossos pingos de chuva caiam na cidade lá fora, as luzes acesas dos prédios vizinhos e carros transportando água da pista para a calçada traziam uma certa esperança para o coração da expectadora. A garota loira olhava para tudo de uma janela que logo se tornaria embaçada. Escorregou um dedo pela superfície gelada, e virou-se bruscamente na direção oposta, caminhando a passos largos até a sala, onde se encontrava o telefone. Discou alguns números que sabia de cor, e esperou pacientemente a outra pessoa atender, o que não aconteceu.


Bella mantinha os braços apoiados no corrimão do navio, o corpo inclinado para frente, com o olhar perdido no horizonte. Admirava o mar e seu quebrar de ondas; os peixinhos pulando e brincando uns com os outros. Seus pensamentos perdiam-se entre essas maravilhas da natureza, corriam livres como o vento, sem direção especifica, só corriam. Sua distração era tamanha que nem ao menos notou um par de olhos analisando-a.
A brisa marítima batia em seu rosto, e fazia seus cabelos dourados voarem, bagunçando-os, mas pouco se importou. Sorriu de olhos fechados, apreciando aquele momento de paz, sossego e beleza. Reconheceu o toque de dois braços quentes rodeando seu corpo em torno da cintura. Ficou de costas para o corrimão, encontrando o rosto em que a pouco pensava. Ergueu uma das mãos e deslizou livremente pelo rosto do rapaz em sua frente, ambos com um doce sorriso nos lábios.
Bella virou novamente, encontrando o mar. Ricardo permaneceu ao seu lado, abraçado ao seu corpo, admirando juntos aquele belo por do sol.


A campainha tocou, roubando a atenção do rapaz, que estava sentado no sofá. Levantou, um tanto confuso, não esperava ninguém. Abriu a porta, surpreso com quem estava diante de seus olhos.

- Manu? O que aconteceu?
- Isso se chama chuva, e está acontecendo lá fora. – ela disse, abraçando o próprio corpo, as roupas encharcadas.

O rapaz recuperou-se da aparição repentina da irmã e levou-a para dentro, arrumando-lhe toalha e roupas secas.
Depois de se secar e colocar roupas quentes, Manuella voltou a sala, encontrando o irmão no sofá servindo duas xícaras com um liquido escuro. Aspirou o ar, e logo descobriu o que era.

- Chocolate quente. – disse distraidamente (rimei sem querer), atraindo a atenção do irmão para si, que sorriu e lhe estendeu uma xícara.
- Sim. – respondeu. Sentaram-se lado a lado.

Ficaram em silêncio por alguns minutos, até que Rafael resolveu quebrá-lo com uma pergunta.

- Vai me dizer o que aconteceu? – Rafael tomou um gole de seu chocolate, enquanto sustentava o olhar na irmã. Manuella por sua vez mantinha o olhar fixo no tapete fofo do chão.
- Sabe o que eu estava olhando? – Rafael voltou a falar, largou a xícara na mesa de centro, e pegou uma caixa de madeira ao seu lado.

Manuella ainda estava com um pouco de frio, por isso vacilou um pouco ao repetir o movimento do irmão, deixando a xícara, que segurava com as duas mãos, na mesinha de vidro.
Rafael segurou o sorriso, conhecia a irmã muito bem, sabia que ela mão resistiria a olhar velhas coisas dos pais.


Coloque HomeDaughtry p/ tocar.
Os primeiros acordes da música soaram alto e claro, olhei para a garota diante de mim, que sorriu vermelha, com certeza imaginando o que se passava por minha cabeça. Talvez estivesse certa... Ou não.
Estendi minha mão, Bella prendeu a respiração por um momento, talvez espantada com o que estávamos prestes a fazer. Olhou para minha mão, e depois para o meu rosto, eu sustentava um sorriso maroto. Por fim, ela levou sua mão até a minha, demos alguns passos e começamos a dançar.
Bella passou os braços por minhas costas, assim como eu havia feito com ela, e levou a cabeça lentamente ao meu ombro. Era como se estivéssemos abraçados, mas nos movendo de acordo com a música. Sua respiração batia de leve em meu pescoço, e imaginei que estivesse de olhos fechados, não sei por que, mas tive essa impressão.
Corri os olhos pelas outras pessoas, apesar da mais importante delas estar aqui comigo... Minha Bella. Inalei o aroma de seus cabelos, e ali depositei um beijo. Ao longe outra bela sorria para nós, por acaso quem havia nos convidado para a festa... sua festa. Nossa amiga Bela. Lhe lancei um olhar significativo, será que ela... não pode ser. Ela havia escolhido essa música especialmente para nós? No instante seguinte, Bela não estava mais lá, e a minha pergunta já nem era tão importante.

- Sabe o que eu tava pensado... – Bella começou, balançávamos de um lado para outro. – Essa música até que é legal. – isso arrancou de mim uma sonora gargalhada. Bella ergueu a cabeça, e ficou me encarando, isso me fez querer saber o que realmente se passava em sua cabeça, eu não estava com medo, só curioso, eu sempre gostaria de saber o que ela realmente pensava, isso tornaria as coisas tão mais fáceis...
- O que você está pensando? – confesso, essa pergunta me pegou de surpresa.
- Hey, sou eu quem sempre pergunta isso. – sorri.
- Vamos variar um pouco.
- Eu gostaria de saber o que você pensa... Todo o tempo.
- Você só se confundiria ainda mais, acredite. Você enlouqueceria tentando me entender.
- Nunca fui completamente são.
- Eu já desconfiava.

Continuamos nos movendo para lá e para cá. Sem vacilar nossos olhares um do outro.

- Sabia que eu te amo? – passei uma mecha de seu cabelo para trás da orelha.
- Eu amo mais.
- Não, eu que amo mais. Muito mais.
- Não mesmo. – disse desafiadora.
- Ok. Amamos igual. Que tal? – propus inteligentemente. (essas rimas saem tão espontâneas.) Bella balançou a cabeça concordando. Ficamos em silêncio por algum tempo.
- Já to com saudade. – eu odiava vê-la triste.
- Vão ser as duas semanas mais longas da minha vida.
- E as mais tediosas da minha.

Suspiramos simultaneamente. Bella se inclinou em minha direção e encostou nossos lábios, mas só isso. Abracei-a o mais forte que pude. Não queria perdê-la, e talvez... ela estivesse pensando o mesmo que eu.


- Sinto falta deles. - Manuella confessou. Largou uma foto, a mesma que o irmão olhou inicialmente, em cima da mesinha.
- Eu também. – Rafael concordou. – Pode não parecer, mas eles ainda estão com a gente. Todo o tempo.
- É. – Manu sorri. Deixa a cabeça cair levemente no ombro do irmão. Rafael passa o braço livre pelas costas da irmã, e os dois sorriem olhando para a pequena foto, onde os pais estão juntos em uma área verde com prédios azuis ao fundo.

Atrás de ambos, uma áurea brilha.
É, eles estavam ali, todo o tempo.


Nenhum comentário:

Postar um comentário