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sexta-feira, 27 de maio de 2011

Rainy Day


O que pode acontecer em um dia de chuva?
Para uns, extrema chatisse e tédio absoluto, para outros, uma oportunidade de se divertir e por um intante, voltar a ser criança.


Terminei de escrever nas páginas coloridas de meu diário, e o fechei, tomando extremo cuidado em não amassar folha alguma.
Eu sei, eu sei, pode parecer a maior bobeira do mundo, mas eu gosto de escrever em diários, ou no caso, um caderno que chamo de diário. Rsrsrs. Fico mais relax, a tensão de esvai fácil, fácil. Mas falando do que me levou a escrever isso... Está chovendo! E isso desde que eu acordei, o que não faz muito tempo. Adoro manhãs chuvosas, são tão... Calmas. E o cheiro de terra molhada? Hum, adoro, me deixa intimamente contente.
Levantei da cama e guardei o caderno diário com cuidado na estante. Liguei o som e Taylor Swift ecoou pelo quarto verde. Adoro verde. Peguei uma roupa mais despojada no guarda roupa e fui para o banheiro.
Tomei meu banho toda serelepe e cantante, eu era a felicidade escarrada.
Descendo as escadas e explorando da sala à cozinha, cheguei a conclusão de que estava sozinha em casa. Uau. Que incrível.
Desculpem a ironia, mas é que meu humor costuma mudar quando estou fora do meu quarto.
Preparei deliciosos waffles, modestia a parte, e bebi chocolate quente com mashmallows. Ok, nem estava tão frio assim, mas eu gostava desse clima, desse ar...

Depois do meio dia, as coisas já não estavam mais como antes, quem diria que o sol apareceria hein?
Entediada, peguei o notebook e liguei a internet, não demorou muito para uma janelinha amiga preencher minha tela, cobrindo a imagem de uma constelação no plano de fundo.

"Olá."
Disse o ser amigo e que, talvez, fizesse meu tédio terminar.

"Oioi. E aí?"
Respondi começando a me animar.

"Tudo beleza. Gata, tenho que sair rapidinho. Depois falo com você."
E fim da conversa, o ser que aparentemente era amigo teve que vazar e me deixar na solidão eterna.

Desculpem o drama, é que odeio conversas curtas. E nesse momento preciso de alguém! Alguém para conversar e falar bobagem!
Opa, mais uma janelinha, mas não é ninguém falando comigo. Ah, é só aquele garoto novo da minha turma. Nunca falei com ele. Nossa, péssima anfitriã, Larissa. Vou falar com ele, vai que ele é simpático?

"Oi."
Fiquei apreensiva pela resposta. Será que ele lembra de mim?

"Oi... Você é Larissa, da minha sala."
Não era uma pergunta.

"Sou eu sim. Oba, alguém lembra de mim."
Sorri inconciente. To começando a gostar dele.

"Claro que lembro. Você vive rodeada de amigos. Todos parecem gostar de você."
Ownt, como ele é fofo.

"É, eu gosto de todo mundo. Ah, e desculpe po não ter falado com você até hoje. #Péssimanfitriã."
Senti um pouco de vergonha mesmo por nunca ter ao menos conversado com o garoto.

"Não tem porque se desculpar."
Hum.
"Você está falando agora, está perdoada. Rsrsrsrsrs."

"Rsrsrsrsrs. Que bom, estou perdoada."
Ele é bem legal.
"Mas aindo preciso me redimir comigo mesma por não ter falado com você antes."
"Alguma ideia?"

"Pra falar a verdade, tenho sim."
O que será?
"Topa sair comigo? Só para nos conhecermos melhor, você parece ser uma garota bem legal."
Ownt, ele me acha legal. Fiz uma carinha fofa.

"Opa, topo tudo!"
Acho que me animei demais.
"Mas sim, qual a sua ideia? Preciso mesmo sair de casa..."
É verdade.

"Não conheço muita coisa por aqui ainda, então... Me encontra naquela praça perto do colégio?

"Claro, não é muito longe da minha casa. Nos encontramos lá em..."
Melhor olhar no relógio e estipular um tempo para eu me arrumar.

"Meia hora. Combinado?"

"Combinado :D"
Legal, tenho exatos 30 minutos para escolher uma roupa, tomar outro banho e andar três quarteirões. Beleza, acho que dá.

Desliguei a internet e parti em busca de uma roupa legal. Dizem que a primeira impressão é a que fica não é? Pois bem, eu estava a fim de desfazer aquela que ele viu na classe, hoje seria uma nova Larissa... Digo, a Larissa de sempre, mas uma nova aos olhos dele, já que eu devo ter sido muito mal educada na primeira vez, sabe, não falando com ele. Péssima anfitriã.
Escolhi um simples vestido floral, estava sol não é?
Tomei um bom banho, e penteei os cabelos.
Pronta em... 20 minutos. Uau, seria um novo recorde? Rsrsrs.
Deixei um bilhete em cima da mesinha de vidro da sala, avisando que eu havia saído com um amigo. Não era necessário, mas...
Eu sabia muito bem que voltaria antes de alguém chegar em casa.
Ah, antes de sair... Meu iphone!
Agora sim. Fones no ouvido, e lá vou toda serelepe e cantante, que nem quando acordei.

Não demorei muito para chegar até a pracinha, só uns 7 minutos. Bom, acho que ele ainda não chegou, não vejo ning...

- Oi. - um garoto disse sorridente às minhas costas, ainda pega de surpresa sorri sem jeito.
- Oi... - ri. - Pensei que tivesse chegado antes de você. - comentei.
- Cheguei há cinco minutos. - riu. Ele tem um sorriso bonito. - Típico defeito britânico.
- Vocês são bastante pontuais. - pensei alto.
- Já eu chego bem antes do combinado. Terrível. - fez careta.
- Ah, nem tanto. - opinei. - Mas então. Larissa. - sorri e estendi a mão.
- Thomas. - apertou minha mão, e se aproximou beijando minha bochecha. Cavalheiro. Educado.
- Onde vamos? O que faremos? - perguntei ignorando a leve vermelhidão em meu rosto.
- Não conheço muita coisa. - coçou a nuca. - Pensei que você pudesse propor o intinerário.
- Ok. - coloquei a mão no queixo, pensando profundamente. O que mostrar a um novato?

Hm, a única coisa coerente e divertida que me vem a cabeça, é...

- Eu conheço uma sorveteria que não é muito longe daqui, o que acha? - perguntei com um sorriso que dificilmente ele diria não.
- Ótimo. - aceitou.

Não paramos de conversar um minuto. Thomas era muito divertido, e inteligente. 70% do tempo eu passei rindo das bobeiras que ele dizia, nos demos muito bem. E as pessoas dizendo que os britânicos não tem senso de humor... Baita mentira.
Quando saímos da sorveteria ainda era cedo, talvez 16h. O sol ainda brilhava no céu, e eu queria muito que o dia terminasse com uma chuva daquelas, mas ok, só comece a chover quando eu já estiver na monotonia da minha casa e não com o Thomas.
Ô boca.

- Chuva. - Thomas sibiliu ao sentir os primeiros pingos caindo.
- Mas ainda está sol. - pensei alto.
- Chuva de verão. - riu. - Sol e chuva...
- Ok, alguma viúva está casando agora. - Thomas riu muito, acho que ele nunca havia escutado aquele ditado. - Sabe, eu sempre tive vontade de fazer alguma doidera na chuva.
- Somos dois. - uau, quantas coisas mais temos em comum? - Me concede? - fez uma reverência e estendeu a mão.
- Mas... - não pude responder, ele já me puxava para dançar em meio a chuva. - Tom, você é doido. - falei rindo e me divertindo.

Pareciamos dois... Ah, sei lá, na chuva. Rindo, rodando e "dançando". Nunca me diverti tanto.
Meu cabelo e o de Thomas estavam colados ao rosto, não muito diferente de nossas roupas. Mas não estavamos ligando muito para isso.

- O que vai dizer quando chegar em casa? - Tom perguntou sorrindo um pouco culpado, afinal, a ideia havia sido em maior parte dele.
- Nada. - dei de ombros. - São quase nulas as chances de alguém ter chegado em casa antes de mim. E você, o que vai dizer?
- Que tive um dos dias mais incríveis da minha vida. - seu sorriso era lindo, e mesmo enxarcado daquele jeito, ainda estava impecável.
- Que bom, se eu tivesse para quem falar, diria o mesmo.
- Oras, eu estou aqui, então pode falar. - bobo.
- Bobo. - empurrei-lhe de leve. - Então ta. Eu tive o melhor dia da minha vida. - sorri. - Pronto. Falei.

Tom ficou calado, mas não conseguia dirfarçar aquele sorriso no canto dos lábios, nem parar de me olhar rápido a todo instante.
Eu nem havia me dado conta, mas caminhávamos em direção a minha casa, e eu nem sei se ele saberia como voltar para a dele.

- Estamos indo pra minha casa. - disse sem pensar realmente no que tinha dito.
- Nem tinha percebido. - ele riu.
- Sabe como voltar para a sua? - perguntei preocupada. Imagina se ele esquece...
- Claro que sim. Mas seria falta de educação minha te deixar voltar sozinha. - sempre gentleman.
- Muito cavalheiro. - elogiei. - E educado.
- Obrigado. - agradeceu vermelho.

Sem nos darmos conta em pouco tempo já estavamos em frente a minha casa.

- Gostei muito de hoje. - Thomas sorriu segurando minhas mãos.
- Eu também. - respondi, sentindo leves arrepios. O tempo começava a esfriar.
- É melhor se trocar, antes que pegue um resfriado. - aconselhou vendo meus braços arrepiados.
- Digo o mesmo. - apontei para seus dedos, e depois para ele mesmo que começava a tremer de frio. - Vem. - o puxei para dentro da casa.
- Lari, eu não...
- Acha certo, eu sei. - interrompi já sabendo o que ele ia dizer. - Mas também não é certo te deixar com frio.

Nada que ele dissesse ia me fazer mudar de ideia.
Não o deixei escolhas a não ser me acompanhar. Levei-o o até o banheiro, e fui a procura de uma toalha e roupas secas. O último, com certeza encontraria no quarto do meu irmão. Dito e certo, peguei roupas limpas, e ainda encontrei um bilhete:

Vou dormir na casa do Reid, volto na segunda.


Hm, eu ainda me perguntava o porque dele não se mudar de vez para a casa do Reid, vivia mais lá do que aqui, se duvidar, deve até chamar a sra. Michel de mãe, e a Rebecca de irmãzinha.
Dei de ombros e fui até o armário do corredor pegar uma toalha.

- Posso entrar? - bati duas vezes na porta do banheiro antes de entrar.

Ótimo, Tom estava dentro do box tomando seu banho, deixei a toalha e as roupas.

- Vou estar no meu quarto, suba as escadas e não tem como errar. - avisei e sai. Agora seria a minha vez de tomar um banho.

Escolhi roupas folgadas e quentinhas, eu não sairia depois dali mesmo, e torcia para que chovesse... Quando Tom já estivesse em casa, é claro.
Entrei no banheiro, e comecei a tomar meu banho, sem ao menos me dar conta de que começava a cantar animadamente.

SINGIN'
She's a good girl, loves her mama
Loves Jesus and America too
(Free Fallin')


Saindo do banheiro, com cabelos molhados e roupa trocada, Thomas me olhava com com um sorriso diferente em seus lábios. Arqueei as sobrancelhas, o que ele estaria pensando?

- Você canta bem. - oh no. Fechei os olhos e fiz uma careta. Ele me ouviu.
- Você ouviu. - sentei na cama e joguei a toalha em meu colo. - Não devia ter feito isso.
- Não pude ignorar. E você mesma disse para te esperar aqui. - espertinho.

Pensei bastante no que lhe responder, mas era fato, eu estava sem palavras. Apenas torci os lábios e olhei-o de olhos cerrados.

- Não faça essa carinha. - ele se aproximou e afagou minhas bochechas rosadas. Abaixou-se, ficando um pouco de joelhos no chão. Olhou-me como um cachorrinho caído do caminhão de mudança. - Agora eu tenho que ir embora.
- Eu sei. - respirei fundo. Não queria que ele fosse. Voltaria a ficar #foreveralone.

Levantei da cama, estiquei as mãos, pegando as dele, ajudando-o a levantar.

- Sigam-me os bons. - disse pouco animada. Eu não queria mesmo que ele fosse.

Descemos as escadas, passamos pela sala, e logo estávamos na porta.

- Tchau. - disse desanimada.
- Por favor, não fique assim. - ele acariciou meu rosto mais uma vez.
- Tentarei. - dei um sorrisinho pequeno.
- Nos vemos depois. - beijou minhas mãos. Acenou, e se foi.

Suspirei pesadamente e fechei a porta. Peguei o bilhete que havia deixado mais cedo na mesinha da sala, amassei e joguei no lixo.
Joguei-me de qualquer jeito no sofá e fechei os olhos. Só levantei quando meu estômago roncou de fome. Caminhei lentamente até a cozinha. Hm, o que comer? Abri os armários superiores e um pacotinho laranja me chamou a atenção.

- Miojo! - comemorei sozinha. Peguei o pacote, uma panela, enxi de água e coloquei no fogo. Ó rotina de sábado a noite.

Corri até a sala e liguei a televisão. Coloquei em um canal de clips, e minha alegria voltou.

Jantei assistindo um canal de músicas muito legal. Depois de lavar a louça fiquei novamente sem saber o que fazer. Mas Deus sempre faz algo para me animar. E não é que começou a chover? Fiquei observando a rua da janela da sala.

Pingos, pingos, pingos. Pingos de chuva.
Há algo melhor do que isso quando a saudade aperta?
Noite sem estrelas, dia sem sol, apenas a cor cinzenta e misteriosa.


Escrevi em mais uma página do meu caderninho mágico. Sim, eu gosto de escrever.
Coloquei meu manuscrito na mesa de cabeceira (preguiça de levantar da cama). Peguei meu notebook e coloquei na internet.

- Sim. - falei comigo mesma. Thomas estava online, e não demorou muito a vir falar comigo.

"Boa noite."
Sorri e esperei ele terminar de digitar a mensagem.
"Já olhou para o céu?"

"Sim. Na verdade, eu vi o momento exato em que começou a chover."

"Sortuda."
Ri.
"Fez alguma outra coisa interessante?"

"Comi miojo. Vi clips na tevê. Escrevi em um de meus cadernos. E agora estou falando com você."
Não esperei ele começar a responder e mandei a pergunta.
"E você? Conte-me tudo desde que me abandonou."

"Rsrsrsrsrs. Ok, vou contar tudo."
Oba. Comemorei.
"Cheguei em casa. Não tinha ninguém. Meus pais foram ao teatro com Eric e Vic. Fiquei deitado na cama pensando. E estou escrevendo músicas desde que cansei de ficar deitado pensando."

"Rsrsrsrsrs. Deitar e pensar é muito bom. Mas tem horas que cansamos de ficar deitados (?)."

"Rsrsrsrs. Exatamente."

"Não sabia que você escrevia músicas."
Gostei de saber disso.

"Nem eu que você escrevia algo em seus cadernos."

"Ah, eu escrevo coisas variadas. O que vier a minha mente."
Abri o player de música e coloquei uma de minhas favoritas Catching Snowflakes.
"E que tipo de músicas você escreve?"

"Sobre o que penso, sinto, faço, gostaria de fazer, pretendo fazer, nunca farei..."

"Entendi."
Sorri.
"Se não for pedir muito, gostaria de ver qualquer dia desses."

"Pode ser agora. Se você quiser."

"Sério? Eu adoraria."
Até sentei de um jeito mais comportadinho na cama.

Thomas deseja iniciar uma conversa por meio de áudio.


Aceitei e logo pude ouvir sua voz doce.

- Oi de novo. Não queria ser você, vai ter que me aturar bastante. Rsrsrs.

Peguei meu microfone na gaveta da cômoda e também falei.

- Não ligo de te aturar. Mas não me enrole, quero ver sua música.
- Tudo bem. Você que pediu. Vou pegar o violão.

Hã? Violão? Pensei que ele fosse me mandar um manuscrito, e não cantar. Que era o que estava parecendo.
Legal! Comemorei sozinha.

- Prontinho. Não grite, nem saia correndo. Vai ter que aguentar ser torturada.
- Ok. Prometo que não vou sair daqui.

Comecei a roer as unhas de tão ansiosa.

SINGIN'  

I never meant the things I said
To make you cry can I say I'm sorry?
(Too close for comfort)


A voz dele era tão bonita, e ele parecia se esforçar bastante para não cometer erros.
Thomas era um britânico sonho de qualquer garota. Ele não deve ser real. É isso, ele deve ter escapado da mente sonhadora de alguma menina.
Azar o dela, não vou devolver.

- Tom... Sua voz é incrível. E a sua música é muito linda. Gostei muito!
- Sério? Eu ainda não tinha mostrado para ninguém.
- Uau, fui a sortuda a escutar primeiro.
- Se você diz...
- Thomas? Chegamos. - uma outra voz surgiu.
- Minha mãe. - Tom informou. - O show acabou, pode agradecer aos céus por isso. - rimos. - Nos falamos amanhã?
- Claro. - sorri.
- Boa noite, escritora Larissa.
- Boa noite, rockstar Thomas. - ele riu.
- Rsrsrs, essa é boa. Tchau, durma bem.

Desconectou-se.

Depois de sua saída não vi mais motivos para permanecer online. Desliguei o notebook.
A preguiça de levantar era tanta que também coloquei-o na mesa de cabeceira.
Puxei as cobetas e me enrolei, estava fazendo um friozinho gostoso. Ainda chovia.
Fechei os olhos sorrindo. Sendo embalada pelo som da chuva caindo lá fora e a música de Tom que ainda rodopiava em minha cabeça.
Bons sonhos, Thomas.

I'm back!!!

Depois de muito tempo sem postar nada aqui, tomei vergonha na cara e decidi publicar mais textos meus *-*
Espero que gostem deles (:


xoxo.